sábado, 6 de dezembro de 2014

Relacionamentos amorosos: melhor não tê-los? (Ou, Quantas perguntas sobre o amor)

Acredito que o real motivo que me leva a escrever esse texto seja a curiosidade de como o lerei no futuro. Eu sempre volto aos meus escritos  - e é possível que muita gente que escreve faça isso - e tento me lembrar do que me movia naquela hora para escrever, que sentimentos, fatos ou memórias me incentivam a lançar letras sobre o papel. Nesse momento, isso se repete, mas, agora, com um preocupação ainda mais futura. Explico: no momento em que escrevo, tomam conta de mim os mais variados tipos de sentimentos, que vão de dor à culpa, passando pela decepção e pelo desejo gritante de recomeçar. Nisso mora o problema: recomeçar o que? A vida não para quando acaba uma "relação de amor", ou melhor, ela nunca começa quando encontramos a tal "metade da laranja", "a tampa da panela", "o coberto de orelha" e todos esses nomes estranhos, dados à pessoa que pode ser chamada apenas de "companheiro (a)". A vida é, sempre foi e vai continuar sendo antes do começo e depois do fim... A pergunta que fica é: por que dói tanto? Não me atrevo a responder. Sei, contudo, que nunca há recomeços, há, de fato, eternos prosseguimentos, no quais podemos contar apenas com aquilo que sobrou ou com o que ainda vamos colher. 
Mas, repito: quero mesmo é saber como vou estar daqui uns dias, meses e semanas, depois que o turbilhão de sensações que me invadem se esvaírem e forem levadas pelo tempo que, hoje, não parece muito ser meu amigo. 
Não é fácil se relacionar com alguém. Na verdade, não é fácil conviver com ninguém. A maioria das pessoas que conheço abrem mão de muito do que pensam e mascaram muito do que são em nome da tal convivência e sempre me pergunto se vale mesmo a pena. Digo isso porque relacionamento, seja amoroso ou simplesmente fraternal, é a coisa mais abstrata e instável possível. As pessoas gostam umas das outras e deixam de gostar quase que na velocidade da luz. A amizade e o amor de agora não serão os mesmo daqui cinco, dez minutos. Com o advento e a popularização da internet, percebe-se, as amizades se desfazem pelo simples fato de não ter uma mensagem respondida prontamente num aplicativo virtual de comunicação  ou quando o outro se sente aborrecido ao ler algo divergente, escrito na página da rede social do amigo. 
Mas, voltemos ao tempo em que as pessoas olhavam mais nos olhos umas das outras. Era difícil, também, manter viva a chama de uma relação? - E me refiro aqui à amorosa, pra não divagar tanto e "afunilar mais o assunto". Me parece que sim e, olhando para trás, vejo que o medo e a incerteza são os grandes responsáveis por isso. E eis aí uma coisa que todo mundo sente: medo. Hoje, por exemplo, parece que estou sentindo todos os medos do mundo, mesmo sabendo que já passei por situações mais desafiadoras e dolorosas. Achar, nesse instante, um ponto de instabilidade se apresenta como um desafio novo. O medo é sempre inimigo de qualquer relação. Mais felizes, observo, são aqueles que ignoram esse inimigo invisível, mas presente, e se lançam, sem reservas, na relação. Como conseguem?
É certo que ninguém vive sozinho. Precisamos de amigos, parceiros, cúmplices, quase que o tempo todo, pois só assim, dentre outras coisas, formaremos nosso caráter e conheceremos nossos limites e condições. Mas, para que um "amor"? Onde surgiu a necessidade descontrolada de amar alguém, especialmente se o "amor" sempre acaba? 
Eu queria escrever um texto cheio respostas, mas, contando, já fiz mais de cinco perguntas e passei longe de responder a principal... Não importa. Procure responder pra você. Daqui um tempo, eu vou voltar aqui, ler tudo e, possivelmente, já terei as respostas que preciso. Se não as tiver, espero, ao menos, que as muitas perguntas não sejam mais tão relevantes. 

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