quinta-feira, 9 de agosto de 2012

COTAS PARA 'ENBURRECER' O BRASIL


O Senado aprovou nesta terça-feira projeto de Lei que prevê que 50% das vagas em universidade federais sejam reservadas para quem cursou o ensino médio integralmente em escolas públicas, unificando assim a divisão das vagas por cotas sociais e raciais. De autoria da deputada federal Nice Lobão (PSD-MA), a proposta, já aprovada na Câmara, ainda tem de passar pela sanção da presidente Dilma Rousseff, que é entusiasta do projeto. (Folha de São Paulo)
Que proposta boa! Mas, gostaria de saber se quem pensou em criar esse novo apartheid se preocupou que estava, na verdade, reforçando a imensa divisão social existente no Brasil, além de ferir direitos legamente constituídos de igualdade. Quem disse que garantir educação superior, por um princípio tão mesquinho, injusto e insipiente, vai elevar a qualidade do ensino no Brasil?
A política de cotas, desde que foi criada, gera um enorme debate entre os que a defendem e a rechaçam. E não seria por menos: sob a justificativa de proporcionar oportunidades de acesso ao ensino superior às pessoas em situação social menos favorecida, a política de cotas prevê, pela atual legislatura, que 50% das vagas em universidades públicas sejam reservadas para negros, pardos e índios.
Vejamos os dois lados da moeda. É certo que, no Brasil, sempre houve exclusão de negros e índios. As pessoas pertencentes ou classificadas como desses grupos sempre tiveram que lutar mais para alcançar algum tipo de sucesso na sociedade.  A razão disso, em linhas gerais, está na construção histórica do país, que sempre delegou a esses dois segmentos de sua sociedade uma condição e um legado de desprestígio e abandono. No caso da educação, não foi diferente: ela nunca foi  mesma para todos, menos ainda para pardos, negros ou índios.
 Partindo desse principio, é importante garantir equidade no processo e permitir que todos, sem exceção, tenham acesso a um ensino de qualidade, que possibilite acesso e condições igualmente justa a todos. No entanto, esse projeto de lei, já aprovado por deputados e senadores, traz à tona uma triste constatação: a educação brasileira é ruim e pouco igualitária, pois não forma de maneira equitativa todos os seus cidadãos. Se assim o fizesse, uma lei como essa, que aparentemente tem o objetivo de reparar um erro histórico, não precisaria existir, pois todos teriam iguais condições de disputar qualquer vaga em qualquer universidade do país, isso sendo apenas consequência de um bom percurso educacional. Mas, não é assim que acontece. Boa parte dos alunos brasileiros, sejam brancos ou pretos, não têm acesso a um sistema de ensino adequado que lhes possibilite construir um bom caminho formativo. Logo, esbarra-se em numa questão importante: a qualidade (ou a falta dela) do ensino no Brasil. Isso nos fazer pensar que a aprovação de um projeto como esse apenas revela a imensa disparidade que existe entre o que se apregoa e aquilo que de fato se tem na maioria das escolas do Brasil.
Os documentos oficiais que norteiam os processos educacionais brasileiros determinam, em linhas gerais, que todo aluno deve construir, durante sua formação escolar, um série de competências e habilidades que lhe garantam sucesso em cada etapa de sua escolaridade. Essas competências são, pode-se dizer, cumulativas, pois permitem que o estudante galgue novos patamares, baseado em conhecimentos adquiridos anteriormente. Porém, na realidade, não é assim que acontece. São inúmeros os relatos de professores (e pesquisas que comprovam tal situação) que se veem as voltas com alunos que não sabem o mínimo exigido para desenvolver capacidades mais elaboradas e se angustiam ao pensar na forma como farão para que tais alunos sigam em frente, dentro daquilo que podem fazer por eles.
Situações de deficiência como essa chegam às portas do nível superior. Negros e índios, por questões históricas, sempre foram afastados de condições mais favoráveis para o desenvolvimento intelectual, mas não é uma lei como essa que garantirá justiça e a "transformação intelectual" desses indivíduos.
E por falar em justiça, e os de outra cor? O que sobra para eles? Quem não for negro, índio ou não tiver cursado o deficiente ensino médio público terá que se degladiar pelo restante das vagas, sem direito a nenhum tipo de privilégio? Em que situação fica a Constituição Federal que garante direitos iguais a todos os brasileiros, sem qualquer tipo de distinção? Ou ela não tem mais valor diante de delírios inconsequentes de nossos legisladores?
Nesses últimos anos, pouco se fez no que tange a investimentos maciços em educação,   situação que já possui dispositivo legal e que também não é cumprido como deveria. Os que se elegeram levantando a "bandeira da educação de qualidade" pouco ou nada fizeram para melhorar a condição do ensino no país. Diante da imensa riqueza e da enorme carga tributária que pesa sobre os brasileiros, uma pequenina fatia dos recursos arrecadados é destinada à educação, que sofre por não receber investimentos capazes de mudar sua terrível situação, o que coloca o Brasil numa situação vergonhosa: fica atrás até mesmo de países menos desenvolvidos como é o caso do Chile, que apesar das poucas riquezas que tem, em comparação às nossas, possui posição mais elevada no ranking que mede internacionalmente a qualidade da educação.
E quando falo de investimento, me refiro àqueles que, de fato, elevem os índices que medem  nossos avanços educacionais. Os poucos que tivemos são fruto do trabalho duro - e pouco reconhecido  - de professores e mestres que se desdobram em sala de aula (e porque não dizer, fora dela) para tentar conseguir fazer com que seus alunos progridam.
Nesse contexto, a política de cotas pouco resolverá a problemática da educação no país. Criará mais um gargalo que só será percebido passados alguns anos, quando fatalmente nosso quadro estará, principalmente por causa disso, bem pior. 
É uma pena que pouco tenha se pensado nisso, pois, se fosse diferente, mudanças severas já teriam sido instituídas nos currículos escolares e na forma como se ensina e aprende por aqui. 
Parafraseio um dos comentários que li num dos textos que alimentaram esse artigo:” [Esse é] um projeto para ‘emburrecer’ o país. As universidades terão que formar gente que não tem qualificação para estar lá. É absurdo e patético. O Brasil está andando para trás.” Eu concordo. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ELA NÃO PODE SER LEVADA A SÉRIO


Antônia Lúcia, a missionária deputada, teve sua candidatura à prefeitura de Rio Branco(AC) cassada. Até que enfim!
Digamos que nenhum dos crimes ou irregularidades, imputados a ela pela justiça, não tenham, de fato, acontecido. Digamos que tudo tenha sido apenas uma infeliz coincidência, obra do tinhoso ou ironias do destino. Ainda assim, ela não seria digna de ocupar, ou sequer concorrer, - levantando a bandeira que levantava -, a um cargo tão importante como o que pleiteava.
Digo isso pelo fato dos inúmeros escândalos que envolvem seu nome. São tantos, desde que resolveu se meter de cabeça na política acreana, que me pergunto como pode alguém se permitir ser tão “enrolado com a justiça” e não procurar se acertar.
O pior disso tudo é que, apesar de todas essas situações ruins que marcam sua trajetória, há os que, cegamente, ainda a seguem e se perdem no meio de sua falta de escrúpulo (e vergonha) pela sede do poder. A bandeira que a ex-candidata levanta é da religião evangélica, usando um discurso baseado na bíblia e atribuindo ao diabo todos os infortúnios que lhe acometem.  Na verdade, Antônia Lúcia se aproveita da latente e enorme falta de percepção crítica de boa parte das pessoas que fazem parte desse numeroso segmento da sociedade, que não se atenta para o mau que circunda o comportamento político da missionária.
Alguém, cujo passado é marcado por tantos problemas - inverossímeis, como insiste em dizer - deveria, no mínimo, procurar fazer coisas diferentes, afastar-se um pouco da causa de seus “rolos” e, aos poucos, construir uma nova história diante das pessoas. Mas, não é isso que ela faz. Antônia Lúcia insiste em cometer os mesmo erros e outros ainda piores, pelos quais nos prova sua enorme incapacidade de gerenciar sua própria vida pública. 
Não posso esquecer, é claro, a aparente contribuição que a deputada tem dado em Brasíla em prol de...(?), embora, eu também pense que ela não faz mais que sua obrigação. Contudo, são máculas demais para uma pessoa só, para alguém que se diz ser tão correto e temente a Deus. 
Sendo assim, não é possível não perguntar mais uma vez: Como uma pessoa como essa, que gerenciaria tão mal sua própria vida, poderia, caso fosse eleita (Deus nos livre!),  gerenciar a vida das pessoas de uma cidade inteira? 
Definitivamente, Antônia Lúcia não pode ser levada a sério. 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

ENEM E UFAC: O ASSUNTO DO MOMENTO

Os alunos concludentes do Ensino Médio do Acre, que prestaram o ENEM a fim de conseguir uma das mil e tantas vagas oferecidas pela universidade federal no estado, não falaram de outra coisa, nesse fim de semana, nas redes socais, que não fosse a divulgação do resultado preliminar e, depois de alguns dias, sobre a lista retificada de classificados para os cursos oferecidos pela instituição. Isso porque a UFAC cometeu alguns erros na organização dos pontos dos candidatos, o que gerou certo desconforto para alguns, cujos nomes apareceram na primeira lista divulgada e, depois, tiveram seus nomes omitidos na segunda lista. No entanto, a polêmica maior girou em torno da quantidade de acreanos classificados para os cursos, em especial o mais concorrido, o de Medicina.

Inicialmente, divulgou-se que dois acreanos haviam se classificado. Depois da correção da lista, apenas um foi apontado como aprovado, situação que, pelo andar da carruagem, pode tornar-se ainda pior. Ironias à parte, gostaria de analisar essa questão de uma forma menos emocionada e bairrista.

Bairrismo, diz-se da atitude de quem defende os interesses do bairro ou de sua terra tanto por atitudes de defesa exacerbada de suas alegadas virtudes, ou, por analogia, da terra natal de alguém. Esse foi o mau que acometeu os acreanos nesse final de semana. Muitos alegaram ser absurda a quantidade de “pessoas de fora” que foram classificadas para UFAC. Alguns, usando as redes sociais, rejeitavam de forma muito incisiva e até desrespeitosa a vinda de estudantes de outros estados, pois, segundo eles, tomaram as vagas de quem nasceu no Acre.

É até compreensível que se comportem assim: é histórico que o acreano defenda arduamente sua condição, seu status, e isso, nesse caso, se tornou bastante evidente. Mas, infelizmente, nessa situação, quem se comportou dessa maneira, agiu equivocadamente. Imaginemos o seguinte: se a situação fosse inversa, em que um aluno daqui quisesse concorrer, através do ENEM, a uma vaga na USP, por exemplo, e este fosse impedido por não ser paulista, como essa situação seria avaliada? Com certeza, diriam que é injusto, pois a vaga, através do ENEM, pode ser pleiteada por qualquer brasileiro, não importando o estado ou região onde este tenha nascido. No nosso caso, a situação é a mesma: como esta prova é aplicada nacionalmente, qualquer cidadão brasileiro, apto a fazê-la, tem o direito de inscrever-se e disputar a vaga que deseja, sem nenhum prejuízo a qualquer outro brasileiro em igual condição.

E por falar em igualdade, outra questão interessante que se discutiu na rede foi a qualidade do ensino público acreano. Afirmou-se que o Acre, em comparação aos outros estados, tem uma qualidade de ensino inferior, que as escolas são ruins, que os professores não prestam e o diabo. É certo que é dever do estado oferecer educação pública de qualidade, mas que ainda estamos longe do que se sonha em termos de “qualidade de ensino”, mas atribuir somente à escola ou ao Estado a responsabilidade pelo fracasso numa prova como ENEM é não querer olhar para si com a consciência descontaminada pelo senso comum. Analisemos: o Estado - através da escola - colabora muito para a formação do cidadão, mas é dever – eu disse DEVER – de qualquer aluno esmerar-se em seus estudos para ser aprovado em qualquer processo de classificação. Boa parte dos candidatos que hoje responsabilizam a universidade, o estado, a escola, são os mesmos que passaram pelo ensino médio acreditando que o que se vê ali não tem valor algum e desprezaram o conhecimento que se pode adquirir nessa tão importante e decisiva etapa da escolaridade básica. São esses mesmos que não aceitam normas, que desrespeitam os professores, que não levam a escola a sério e que, quando se deparam com uma situação como essa, que podia ter sido evitada se tivessem se dedicado de verdade, preferem transferir a responsabilidade para os outros, que têm, é certo, sua parcela de contribuição, mas que não podem ser vitimados pela falta de interesse de quem realmente deveria se importar, o estudante.

Aluno bom, aluno que estuda e se dedica de fato, aprova-se em qualquer exame, de qualquer lugar. De nada adianta passar três anos indo à escola, fingindo que estuda, se não há interesse e vontade e depois reclamar que não "passou" por que o estado não proveu as condições necessárias. Balela!

Eu até acho que os investimentos em educação deveriam ser maiores. Aproximadamente 8% - que é o que o Brasil destina à educação - não representa nada para um país que se tornou a 6º economia do mundo. Países mais pobres como o Chile investem o dobro no sistema educacional e têm resultados melhores nas avaliações externas.

Em minha opinião, o que tem faltado mesmo é brio, por parte dos acreanos. Em miúdos, vergonha na cara para estudar e se dedicar mais à educação. Vale lembrar que, antes, o vestibular não era mais fácil que o ENEM de hoje e só "passavam os bons”. Por que com essa nova forma de ingresso tem que ser diferente?

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

DEUS NÃO QUER O SEU DINHEIRO

Por favor, ao ver esse vídeo, não fique dizendo não tem nada a ver com isso, pois são eles que vão prestar com contas com Deus; que as pessoas dão por que querem ou que Deus vai tomar providências. Não vai.

Eu sei também que minha "denúncia" aqui não vai mudar o mundo, mas eu ainda acredito no bom senso de alguns que enxergarão o mau que faz essas igrejas que só pensam em dinheiro. Clique e veja.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

DENGUE. DE NOVO?

Outro dia, assisti a um vídeo do Xou (sic) da Xuxa, de 1986. Quem viveu essa época, deve se lembrar que um dos personagens animados, que costumava aparecer durante o programa, era o "Dengue".
Nessa mesma época, não se ouvia falar pelo Brasil - a exceção do Rio de Janeiro - da existência de um mosquito transmissor de uma doença tão perigosa. Com o passar do tempo e por conta da falta de cuidado de todos, o que era comum para os cariocas tornou-se realidade em todo o Brasil, especialmente no Acre, onde as condições do tempo são bastante favoráveis para a proliferação da moléstia.
Infelizmente, nos últimos dois anos, os casos de infestação têm crescido assustadoramente e as pessoas ainda não se conscientizaram sobre a importância dos cuidados que devem ter com a limpeza de suas casas e de que, com medidas simples, podem ajudar a combater esse mau.
Ontem, a secretária de saúde do Acre foi incisiva ao dizer que população é responsável pela proliferação dos mosquitos. Concordo. A despeito dos investimentos (ou da falta deles) em saneamento básico, são as pessoas as maiores responsáveis pelo que acontece em suas casas. Numa terra onde ainda é preciso armazenar água (seja por cultura ou mesmo por necessidade), o cuidado com a limpeza desses "utensílios armazenadores" deve ser igual ou maior à preocupação que ser tem por manter reservas suficientes desse líquido. Quantas são as residências em que a limpeza da caixa d'água nunca é feita? E isso não é por falta de informação: panfletos, comerciais de TV, spots de rádio, tudo já foi feito para alertar o povo sobre o perigo da dengue.
Agora, tem chovido quase todos os dias; água empoçada se encontra em qualquer lugar. Já não se pode mais apenas reclamar ou transferir para os outros a responsabilidade que é nossa.
As redes sociais da internet podem ajudar bastante: denunciar na rede os locais onde há criadouros do mosquito pode ajudar o poder público a chegar até eles. Basta pensar um pouquinho e, sem grandes esforços, poderemos ajudar a diminuir os casos da doença.
Esse texto parece romântico ou "mais do mesmo", mas, com ele, estou tentando alertar meus leitores para o perigo que nos cerca.
Diferente do programa da Xuxa, o Aedes Aegypti não pode tornar-se um personagem alegórico e comum.
Só quem já teve a doença quatro vezes - como eu - sabe.