quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

PRECONCEITO



Eu já havia falado sobre isso numa postagem anterior, mas, sinceramente, as coisas não mudam. Não que eu espere que um texto meu revolucione o mundo e mude a cabeça das pessoas, mas me assusto quando percebo que evoluímos tanto em tantos aspectos e estamos estagnados no trato com o OUTRO, isto é, no respeito pelo PRÓXIMO. Antes de expressar minha indginação, quero por aqui o trecho de um artigo escrito por João Silvério Trevisan pubilcado na revista G Magazine que trata também desse assunto. NÃO LEIA SE VOCÊ FOR FROUXO! Diz ele:


ESTAMOS DE SACO CHEIO, SENHOR JUIZ!

Mais de uma vez vi cena parecida, mas ela sempre me choca. Um bando de meninos de rua, deitados na calçada em frente à praça da República, gritava chacotas para três bichinhas que passavam tranquilas por ali. Minha pergunta é sempre a mesma: o que leva párias sociais a se sentirem superiores a uma pessoa só por ela ser supostamente homossexual? Por que alguém tão humilhado pela sociedade se sente no direito de humilhar pessoas homossexuais? Por que, não importa o que possamos ser, o fato de ostentarmos nossa homossexualidade faz de nós seres despreziveis aos nossos próprios párias? [...] O caso dos moleques de rua que faziam gozação às bichinhas não é isolado nem ocorre por estarem alijados das regras sociais. [...] Em agosto ultimo, a Revita Folha publicou uma materia sobre pesquisa na qual a grande maioria dos paulistanos entrevistados aprovava a presença de homossexuais em várias profissões, de presidente da república a jogador de futebol, passando por pastor evangélico a padre católico. No entanto, o teor da matéria está em total contradição com as ilustrações aberrantes veiculadas nela: cada profissão era ilustrada com um bonequinho desmunhecando de maneira acintosa. O ponto alto era um jogador afetadíssimo, com uma bunda imensa e peluda sentado em cima de uma bola. Na melhor da hipóteses, alguém desenhou e alguém publicou achando tudo uma brincadeira inocente, como se fosse ainda possivel não se dar conta de que um grande número de brasileiros estava sendo vítima de humilhação e chacota. Quando (sic) o juiz Manoel Maximiliano Junqueira Filho, em julho de 2008, mandou arquivar a queixa-crime apresentada pelo jogador Richaryson contra um cartola que o chamou de homossexual justificando que ele, o juiz, considera o futebol um “jogo viril, varonil, não homossexual ”. Senhor juiz, ser homossexual é um dos inúmeros componentes da personalidade e maneiras de ser – assim como se é branco ou negro, gordo ou magro, com uma profissao X ou Y. Por que o preconceito insite em tomar a parte do todo? Por que um homem que tem talento futebolístico não pode seguir essa profissão, ao preferir sexualmente outros homens? Em que sentido o que eu faço na cama irá interfirir na minha profissão? Que lógica existe nisso? Por que um homem perde sua virilidade se beijar outro homem, se gozar com ele, se der o cú pra ele? Cito Jean Genet, quando dizia que um homem que beija outro homem é homem ao duplo. Com base em que dado real alguém ainda pode pensar que que dar o cú leva a perder a virilidade? Será que o esfíncter que relaxa tem alguma conexão secreta com os músculos da munheca e torna a voz mais aguda? Não há nenhuma lista de caracteríscas obrigatórias que definem a masculinidade.” (...)


Ufa! É um tapa na cara. Quero adiantar que não estou levantando nenhuma bandeira colorida ou seja lá de que cor,nem me atendo a questões meramente sexuais, mas estou DE SACO CHEIO com tanto retrocesso mental e tanta mesquinharia religiosa e alienante espalhada por ai. Até quando vamos fechar o olhos para o fato óbivo de que somos diferentes o que, no entanto, não nos inviabiliza ou superiora diante uns dos outros. Ser crente, católico, macumbeiro ou ateu nada quer dizer quando olhamos de cima. De cima somos todos iguais, mas teimam em nivelarmos por baixo, fixando o olhar no que é ruim como isso fosse a coisa mais importante do mundo.
Ouvía outro dia que o meu Estado se converterá macissa e brevemente a uma determinada religiao. Deus nos livre disso! Se isso acontecer viveremos de novo a Idade das Trevas ou o tempo da Inquisição em que era proibido pensar, cogitar, dizer algo que fosse diferente de quem ditava o que era CERTO e ERRADO, sob pena de morte cruenta.
O preconceito é um tipo de assassinato doloso: ele esmaga pessoas e idéias sem sentir nenhuma compaixão. Eu me assusto com isso, espero que um dia acabe, vou continuar escrevendo sobre e CONTRA ele.
João Silvério Trevisan (Ribeirão Bonito, 23 de junho de 1944) é escritor, jornalista, dramaturgo, tradutor, cineasta e ativista GLBT brasileiro.

7 comentários:

Cristiane Carrillo disse...

Esses temas são sempre muito polêmicos e repletos de "verdades"...
Acho justo e louvável que cada um defenda com unhas e dentes aquilo que acredita, desde que não ofenda ninguém. Tenho a minha visão de mundo, mas isso não me faz uma pessoa melhor ou pior.
Mas quando leio os seus textos percebo um certo rancor em suas palavras, sempre colocando a religão como causadora de todos os males.
Na verdade, quando realmente temos Cristo em nossa vida não depreciamos ninguém. Pelo menos eu acredito não fazer isso...
Então... não culpe os protestantes ou católicos! Jesus nunca fez acepção de pessoas.
A "religião" dos ignorantes pode ate fazer isso, mas Deus não.
De qualquer forma, como você mesmo disse todos devem ter o direito de concordar ou não com determinadas atitudes.
Eu não concordo com várias! Defendo a minha verdade, você defende a sua! Nós dois estamos certos.
O importante é saber até que ponto cada um pode ir.A vida é feita de escolhas...ninguém pode interferir na escolha de ninguém.

...vdj... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
...vdj... disse...

Texto foda de bom!

Concordo que as crenças conservadoras têm em parte SIM culpa de tanto rancor e discriminação com muitas coisas, não só o homossexualismo.

É cômodo ser hipócrita dentro de uma igreja/templo ou sei-lá-o-que dizendo e se achando "o eleito", "o escolhido", "o salvo"... e os demais vão para o inferno!

BALELA!

O inferno é aqui(!), dentro da cabeça de pessoas mesquinhas que não aceitam as diferenças, sejam elas quais forem.

A questão aqui não é discutir religião, mas quando se fala em preconceito geral não tem jeito, ela está sempre interligada.

[]'s
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Ministério Filadélfia disse...

Qua maldita idéia é essa de "CONVERTER" todo o nosso estado? e isso por acaso seria + uma forma de monopolizar idéias e pensamentos? Já imagina como seria quando apenas alguns poucos não tivessem "aderido" a causa deles: SERIAM NO MÍNIMO CONSIDERADOS MALDITOS. O respeito é o caminho mais curto para a PAZ.

UILSON SANTOS disse...

gostar de homem o de mulher não vai diminuir o acrescentar em nada , cada um vive a sua vida da forma que quer, precisamos sim respeitar as pessoas da maneira que ela é, precisamos amá-las e aceita-las da maneira que elas são! se um dia eu descobrir que meu filho for gay eu vou matá-lo por isso? jamais! vou amá-lo e aceitá-lo do jeito que é!. Precisamos sim, estudar, buscar os mais altos conhecimentos e nunca se achar diferente! seja feliz!

Anônimo disse...

Meu comentário irá num intercâmbio direto com o paio de tudo isso. Ele saberá realmente a opinião correta quanto ao exposto aqui.
Abraço.

Raio de Sol disse...

De vez em qdo visito teu blog, e confesso que surpreendo-me com o que leio, mas essa postagem está mto massa, gostei mto....
Mas fica a pergunta qdo será que o preconceito vai acabar???
...


Ótimo texto Vitor ;D