quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

POEMA DE ANA CAROLINA





O CRISTO DE MADEIRA

Saiu da cadeia sem um puto
Sol na cara monstruoso
Ele é da alma "trip" dos malucos
Belo, mas nunca vaidoso

Um dia comparado a mil anos
Saiu lendo o evangelho
Vida e morte valem o mesmo tanto
Evolução do novo para o velho

Puxava seus cabelos desgrenhados
Vendo a vida assim fora da cela
Não quis ficar ali parado
Aguardando a sentinela

A vida parecia reticente
Sabia do futuro e do trabalho
Lembrou de sua mãe já falecida
Verdade era seu princípio falho

Pensando com rugas no rosto
Olhava a massa de cimento
A sensação da massa fresca
Transmitia às mãos o seu tormento

Trabalhava, ganhava quase nada
Fazendo frio ou calor
Difícil era quem aceitasse
Um cara que já matou

Se olhou como um assassino
No espelhinho da construção
O que viu foi sua cara de menino
Quando criança com seu irmão

Aonde anda seu irmão?
Em algum buraco pelo chão
Ou frequenta alguma igreja
Chamando a outros de irmãos

Sábios não ensinam mais
Refletiu sua sombra magra
Com o pouco que raciocina
Ele orava, ele orava

Mas o Cristo de madeira não lhe dizia nada
Mas o Cristo de madeira não lhe dizia nada
Mas o Cristo, brincadeira, não lhe dizia nada

2 comentários:

...vdj... disse...

!forte!

[]'s ................

Anônimo disse...

"É trágico saber que grande parte da humanidade, pricipalmente os brasileiros... se deixam levar por "Historinhas" ao invéns de pensarem por sí próprios e perceber que o mundo e as coisas que nele existe, vão muito mais além do que se dizem por aí..."

Fé não é só ter esperança, acreditar ou de alguma forma esperar que algo aconteça(caia do céu), mas fé é saber, é ter certeza absoluta!

Para muitos atualmente a fé perdeu o seu significado. Hoje em dia a palavra fé significa uma crença vaga e pouco clara numa coisa qualquer.

Sendo assim: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." (Raul Seixas)